“Ela caminhava sozinha. Cansou-se das decepções que as pessoas lhe causavam, cansou-se da falsidade das mesmas e então decidiu começar uma vida sozinha. Seguiu-se por milhares de quilômetros, sem ninguém ao seu lado, sem saber para onde ir, sem saber o que ia encontrar pela frente. Sede. Fome. Sono. Cansaço. Tristeza. Tudo isso, praticamente, se misturou, formando uma circunferência de coisas negativas. Sentia falta de alguém ao seu lado, sentia falta daquele amigo para lhe fazer rir. Fazia dias, meses, que ela não sorria, só a mesma feição, a feição séria. Logo ela, que era tão feliz, tão animada. Poucas pessoas, as pessoas conhecidas, disseram que era impossível não ver um sorriso no rosto, mas enquanto ela estava ali, perdida no meio do mundo, ela não conseguia, se quer, dar um mísero sorriso. Ela precisa de alguém para caminhar ao seu lado, necessita de um ombro, qualquer ombro que ela possa confiar cegamente, um ombro que não irá cair quando ela quiser deitar e chorar. Ela precisa preencher o seu coração, com sentimentos puros, com uma paixão, com um amor que seja bom pra ela. Ela pede, implora, suplica para alguém aparecer, mas todos esses pedidos são em vão. Onde está, é muito difícil das pessoas chegarem, mas não tanto, se elas ficarem dois ou três dias dirigindo um automóvel. Foi um ato impensado e agora, se arrepende por isso, se arrepende de ter deixado para trás pessoas que sempre quiseram o seu bem, pessoas que lutaram por um sorriso e pessoas que fariam de tudo para tê-la. Se arrepende, mas agora não há como voltar atrás.”